A eficiência na gestão de armazéns é um fator crítico para a competitividade das empresas que atuam com grandes volumes de estoque. Este artigo apresenta uma análise quantitativa aprofundada das perdas mensais associadas à desorganização logística em uma operação com aproximadamente 5 mil SKUs, utilizando controles manuais e planilhas. Os dados demonstram que, além dos custos diretos com a folha de pagamento, as perdas operacionais ocultas somam mais de R$ 13 mil por mês. Isso evidencia a urgência da adoção de um sistema WMS (Warehouse Management System), não apenas como solução tecnológica, mas como decisão estratégica com forte impacto financeiro.
Introdução
A logística é um componente vital para a sustentabilidade e o crescimento das empresas. Uma operação mal organizada não afeta apenas a produtividade, mas compromete toda a cadeia de suprimentos, prejudicando o atendimento ao cliente, o faturamento e a reputação da marca. Com a crescente complexidade das cadeias logísticas e o aumento da demanda por agilidade, o uso de planilhas e processos manuais torna-se cada vez mais ineficiente. Estudos indicam que empresas que operam com baixa automação perdem em média 6 a 10% do seu faturamento devido a falhas operacionais (ABRALOG, 2023).
Metodologia
Foi modelado um cenário realista de operação logística com 5 mil SKUs com um volume de 25 mil itens e a seguinte estrutura de pessoal:
- 1 Coordenador de Materiais (salário base de R$ 3.000,00 + benefícios)
- 3 Técnicos de Logística (R$ 2.200,00 + benefícios)
- 4 Ajudantes de Estoque (R$ 1.800,00 + benefícios)
- 2 Manobristas de Empilhadeira (R$ 2.500,00 + benefícios)
Os benefícios considerados foram: vale transporte (R$ 200,00), plano de saúde (R$ 300,00) e vale alimentação (R$ 550,00) por colaborador, totalizando R$ 1.050,00 mensais adicionais por funcionário. Os dados foram cruzados com estimativas de perdas operacionais com base em benchmarks do setor e fontes como ABRALOG, ILOS e Bowersox et al. (2006).
Resultados e Discussão
O custo total mensal com pessoal foi estimado em R$ 32.300,00. Com base na literatura e análise de campo, estimaram-se os seguintes impactos mensais em uma operação desorganizada:
Problema Identificado | Custo Estimado (R$) | Fonte/Justificativa |
---|---|---|
Retrabalho para encontrar itens no estoque | 1.615,00 | ABRALOG (2023) – perda média de 5% da força produtiva |
Erros em planilhas manuais | 1.292,00 | ILOS (2022) – 4% do tempo comprometido em retrabalho digital |
Perda de rastreamento de itens | 969,00 | Simulações internas da SDEC com dados de 2024 |
Demora na resposta ao cliente | 1.615,00 | Bowersox et al. (2006) – impacto da falta de visibilidade logística |
Vendas de produtos inexistentes | 2.000,00 | Estimativa média de cancelamentos e retrabalho por SKU inexistente |
Perda de vendas por produtos “escondidos” | 1.500,00 | Estoque parado não identificado como disponível |
Atraso nas entregas | 1.615,00 | Impacto de baixa produtividade no lead time |
Envio errado de produtos | 2.500,00 | Custo médio de devoluções e reexpedição |
Total das perdas operacionais invisíveis | R$ 13.106,00 |
Custo Total da Operação: R$ 32.300,00 (pessoal) + R$ 13.106,00 (ineficiências) = R$ 45.406,00/mês
Considerações Finais
Os dados revelam que falhas logísticas invisíveis impactam significativamente o custo da operação. O uso de planilhas, embora comum, não garante precisão, rastreabilidade ou escalabilidade. A ausência de um sistema integrado como o WMS perpetua erros e limita o crescimento sustentável.
A implementação de um WMS proporciona visibilidade em tempo real, padronização de processos, automação de tarefas repetitivas e rastreabilidade total. Estudos da ILOS (2022) apontam que empresas que adotam WMS reduzem em até 30% o custo logístico direto e aumentam em até 25% a produtividade do time operacional.
Portanto, a escolha por uma solução WMS deve ser considerada não apenas como inovação, mas como uma estratégia crítica de redução de custos e ganho de competitividade.
Referências Bibliográficas
- ABRALOG – Associação Brasileira de Logística. Relatório de Eficiência Logística, 2023.
- ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain. Indicadores de Desempenho Logístico no Brasil, 2022.
- Ballou, R. H. (2006). Gerenciamento da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookman.
- Bowersox, D. J., Closs, D. J., & Cooper, M. B. (2006). Logística empresarial: O processo de integração da cadeia de suprimentos. SP: Atlas.